É TUDO TÃO IGUAL
as mesmas vozes o mesmo fraseado
a mesma gritaria o mesmo silêncio
a mesma vida a mesma morte
as mesmas janelas que se abrem para a rua
as mesmas portas que não se abrem
as mesmas calçadas hostis
as mesmas idades entorpecidas
os mesmos sulcos nos rostos envelhecidos
a mesma miséria a mesma fome
o mesmo túnel sombrio e escuro
o mesmo brilho oco e vazio nos olhos
o mesmo fare niente dum povo que preguiça ao sabor duma triste caminhada
que não é tida nem achada
as mesmas vozes as mesmas frases
a mesma política os mesmo discursos
as mesmas opiniões as mesmas caras
os mesmos enganos os mesmos desenganos
o mesmo drama a mesma tragédia
o mesmo torpor o mesmo estupor
tudo é de mudança nada é de mudança
mais fado mais futebol mais fátima
menos massa crítica menos cérebros menos activos
a mesma pérfida a mesma gula a mesma avidez
os mesmos corpos désossés comme les escargots
de quem se senta em mesa farta
tem o destino do país entre os dedos
e não tem infelizmente medos
e não tem infelizmente medos
o mesmo galope o mesmo desnorte
o mesmo escárnio o mesmo mal- dizer
a mesma graça a mesma desgraça
a mesma graça a mesma desgraça
a mesma bandeira que não fala português
o mesmo hino que o povo não sente
a mesma gente ai a mesma gente
Comentários
Enviar um comentário