Os casos aumentam na Europa. Portugal afunda-se.


Como tudo isto é dramático e comovente. A Europa continua a não buscar ou seguir as boas práticas, procurando na Ásia o “remédio profiláctico” no controle da doença.

Em Março, quando a pandemia “rebentava” na Europa, estávamos 2 meses à frente da China - o epicentro da pandemia! -, e da Ásia, em matéria do que podia ser feito. Em Janeiro eu regressava da China para Portugal, com máscara posta na cara, e tinha gravadas, na memória, regras básicas a cumprir. À data de hoje, com o gigante asiático a libertar-se deste pesadelo, nós mergulhamos na mais profunda das crises. Tendo feito a melhor gestão da pandemia, a economia da China continua a recuperar e cresce 4,9% no terceiro trimestre.

Sobrevive, um paradigma diferente, na Europa. Portugal rege-se pelo padrão europeu.  Os governantes deslocam- se para o lado da crise com uma rara agilidade, inocentando-se de responsabilidades, colocando-se à varanda dum olhar prudente e conselheiro. Convertem-se numa espécie de prestadores de serviços de canais de televisão, puxando para si a tarefa de comunicadores.

Como se fossem jornalistas de metereologia e estivessem a fazer uma cobertura jornalística do clima, em tempo de temporal, vão- nos pondo a par duma curva que, ora achata, ora desachata, alertando-nos para o número de mortes e o número de casos de pandemia a crescer no país, colocando-nos, sem motivação ou sequer vigor, em estado de alerta.

Jogam cautelosos com as palavras. Mas demitem- se de vontade de fazer diferente. Deixam-nos ora sem saída, ora com saída. As palavras, por si, não instruem. São aleatórias

Em finais de Abril declarava-se o estado de emergência, ao que o povo português cumpriu religiosamente, por medo do fenómeno, como todos sabemos.   Em Setembro, pediam aos Portugueses que fossem muitíssimo disciplinados no cumprimento das regras. (Segundo Costa, “A melhor forma de não voltarmos a parar é sermos todos muitíssimo disciplinados no cumprimento das regras. Temos de manter esta pandemia controlada e isso exige uma enorme disciplina da parte de todos nós”; Lusa, 09 Setembro 2020).

Ultimamente andam preocupados. Não há muito tempo terminavam o habitual e extenso relatório diário, em directo para o país, - que decorre, há já 8 meses, nas estações de televisão - ,mas porque os números atingem agora os 3 digitos, com um impacto parecido ao de um terramoto, essa representação estancou, e, por momentos, tivemos um desabafo . Estão finalmente preocupados. “A letalidade da doença tem subido nos últimos dias e é bastante preocupante" (afirmação de Marta Temido; Lusa, 06 Novembro 2020).

Repare-se ainda no jogo absurdo cauteloso de palavras, Costa admite "É impossível não pensar que vamos ter um novo estado de emergência". O valor de impossibilidade expresso pelo adjectivo "impossível" associa-se ainda à negação proclamada pelo verbo “pensar” para o que ai vem-  necessariamente «um novo estado de emergência».

O tempo que se perde num jogo inútil de palavras, é o bastante para, a cada segundo que passa, o país afundar-se, de forma patética, um pouco mais. Há lá melhor!!!!

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